O prefeito de São Paulo celebrou ontem o centenário do Theatro Municipal de São Paulo. Para homenagear este símbolo da Cidade, foram lançados medalha e selos comemorativos, produzidos pela Casa da Moeda e pela Empresa Brasileira de Correios e Telégrafos. Uma montagem inédita da ópera Rigoletto, obra-prima de Giuseppe Verdi, marcou o início da programação especial de aniversário. “Há cem anos, quando aqui era construído este teatro, tinha a Cidade um ponto de referência. É muito gratificante que ele continue assim, oferecendo cultura para São Paulo”, disse o prefeito.
A cerimônia contou com a presença da ministra da Cultura, Anna de Holanda, do vice-governador de São Paulo, Guilherme Afif Domingos, do secretário municipal de Cultura e da diretora do teatro, Beatriz Franco Amaral. Após o lançamento do selo e da medalha, foi descerrada a placa comemorativa do centenário.
PROGRAMAÇÃO DE ANIVERSÁRIO
A programação comemorativa do centenário se estende ao longo de setembro. Hoje, às 21h, o Quarteto de Cordas da Cidade de São Paulo recebe como solista a pianista Cristina Ortiz. A Orquestra Experimental de Repertório (OER) apresenta às 11h de domingo, dia 18, um concerto com a participação da soprano Rosana Lamosa e
do tenor Fernand o Portari, que interpretam árias de óperas, como o dueto final do primeiro ato de La Bohème, de Giacomo Puccini. No dia 25, às 11h, Abel Rocha, diretor artístico do Theatro Municipal e regente da Orquestra Sinfônica Municipal (OSM), conduz o conjunto na execução de peças de João Guilherme Ripper, Camille Saint-Saëns, Frederico Richter e Maurice Ravel. Participam da apresentação os solistas Gilberto Tinetti e Fernando Lopes nos pianos.
O Balé da Cidade de São Paulo encerra as comemorações com a coreografia Paraíso Perdido. Criado pelo coreógrafo grego Andonis Foniadakis, o espetáculo tem figurinos assinados pelo estilista João Pimenta e será encenado entre os dias 27 e 30.
O teatro preparou ainda um programa educativo diferenciado para o aniversário: os roteiros de visitas monitoradas passaram a incluir o Museu do Theatro, onde os participantes conhecem a história da instituição, e o Espaço Memória Votorantim.
RESTAURAÇÃO
Para a comemoração dos 100 anos, o teatro foi restaurado e ganhou a atualização da aparelhagem do palco. As fachadas e a ala nobre foram renovadas, 14.262 vidros que compõem os conjuntos de vitrais recuperados e as pinturas decorativas resgatadas com base em fotos antigas. O Theatro Municipal passa também por uma renovação no modelo de gestão. Em maio de 2011, passou de departamento da Secretaria Municipal
de Cultura à Fundação de Direito Público, o que confere maior agilidade e autonomia à administração. O Municipal é a sede das escolas de música e dança, além de seis corpos estáveis: a OSM, a OER, o Balé da Cidade, o Quarteto de Cordas, o Coral Lírico e o Coral Paulistano.
HISTÓRIA
Mais de 20 mil pessoas foram ao Anhangabaú acompanhar a inauguração do Teatro Municipal no dia 12 de setembro de 1911. Na sala de espetáculos, 1.816 espectadores assistiram a um pequeno concerto com um trecho de O Guarani, de Carlos Gomes.
Projetado por Cláudio Rossi e desenhado por Domiziano Rossi, o teatro, com 3.600 m², era uma das mais importantes peças para a transformação do centro de São Paulo em um cenário glamuroso, no estilo parisiense. Durante os nove anos de construção, não foram economizadas peças de decoração importadas, como cristais da Boêmia,
mosaicos venezianos, mobiliário e estatuária alemã, tapeçarias milanesas e peças de mármore italiano.
A programação musical do teatro nas primeiras décadas esteve centrada principalmente em grandes companhias de ópera, orquestras e solistas eruditos. Entre 1912 e 1926, foram apresentados 270 espetáculos, com 88 óperas de 41 compositores.
Ao longo de sua história, passaram pelo palco grandes estrelas, como os bailarinos Isadora Duncan e Nijinsky, o tenor italiano Enrico Caruso, a soprano brasileira Bidu Sayão, o grande regente Arturo Toscanini e a diva Maria Callas.
SEMANA DE ARTE MODERNA
Em fevereiro de 1922, o teatro recebeu um marco da arte brasileira: a Semana de Arte Moderna. Mario de Andrade, Oswald de Andrade, Anita Malfatti, Menotti Del Picchia, Di Cavalcanti, Victor Brecheret, Heitor Villa-Lobos, dentre outros, causaram a ira de alguns paulistanos com a apresentação de suas obras modernistas. Apenas a partir da década de 60 o teatro passa a abrir suas portas para a música popular. O grande marco desse processo foi o concerto Vinícius – poesia e canção, que reuniu o compositor carioca
a Pixinguinha, Ciro Monteiro, Carlos Lyra, Baden Powell, Edu Lobo, Francis Hime e Paulo Autran. A partir de 1968, mostraram a riqueza do jazz norte-americano grandes mestres do estilo como Duke Ellington, Ray Charles, Ella Fitzgerald, Dizzie Gillespie, Sara Vaughan, James Brown, Charles Mingus, Milles Davis e Stan Getz. Nas décadas de 50 a 70, o Municipal presencia o florescimento do teatro nacional, abrigando espetáculos
com atores como Cacilda Becker e Procópio Ferreira e de autores revolucionários como Nelson Rodrigues e Plínio Marcos. Mais de 500 peças teatrais já foram encenadas no palco da casa.
Texto: Natalia Keri
nkeri@prefeitura.sp.gov.br
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